(*) Por TJGuimarães
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro!!!
Belchior foi um dos mais importantes compositores e intérpretes da música popular brasileira (MPB). Também foi poeta, músico, repentista, produtor musical, poliglota e artista plástico. Nascido em 26 de outubro de 1946, em Sobral, Ceará, Belchior desenvolveu um estilo único que mistura elementos da música nordestina com letras poéticas e reflexivas.
Foi um dos primeiros músicos nordestinos da MPB a fazer sucesso internacional. Obtendo o seu apogeu na década de 70, se destacando com suas letras profundas, tratando temas como solidão, amor, direitos humanos, política e a sua própria condição humana.
Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, conhecido apenas como Belchior. Oriundo de uma família musical onde a arte já era valorizada, sua mãe cantava no coral da igreja e ele se inspirava desde a infância em artistas que tocavam no rádio, como Cauby Peixoto e Ângela Maria.
Ainda criança já estudava piano na escola e se apresentava em feiras de música. Uma passagem curiosa de sua vida é o período em que esteve por três anos vivendo em uma comunidade de frades em Guaramiranga.
Na adolescência se muda para a capital do Ceará, Fortaleza e lá conhece outros artistas. É lá que inicia sua carreira profissional na música. Mas antes iniciou a faculdade de medicina, curso que não concluiu, abandonando-o em 1971. Se une a outros músicos como Fagner, Ednardo, Amelinha, Jorge Mello, Rodger Rogério e Teti. Posteriormente, o grupo ganhou o nome na mídia de “Pessoal do Ceará”. A sua carreira artística se iniciou nos anos 1960. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde participou do movimento musical conhecido como “Nova MPB”.
No final dos anos 70 se apresentou em festivais musicais pelo Nordeste, shows, circos e programas de rádio.
Conhecido por sua autenticidade, o músico criou um estilo único que combinava a MPB (música popular brasileira), o folk rock (com influências de artistas como Bob Dylan), a bossa nova, o baião e o samba.
O momento marcante em sua trajetória musical foi quando já no Rio de Janeiro, em 1971, conquista o IV Festival Universitário da MPB com a composição Na hora do Almoço.
No ano seguinte vai para São Paulo e compõe músicas para curtas-metragens. Nesse mesmo ano a cantora Elis Regina, que já era reconhecida, grava a canção Mucuripe, composta juntamente com Fagner. A partir de então, passa a ficar mais conhecido e se apresenta em diversos locais, como escolas, teatros, penitenciárias e fábricas.
Em 1974 lança seu primeiro álbum, intitulado A palo seco. Dois anos depois, em 1976, presenteia o público com aquela que seria sua obra-prima, o álbum Alucinação. É desse trabalho as canções Velha roupa colorida e Como nossos pais, ambas gravadas também por Elis Regina que a sua carreira se alavancou de vez.
Controvérsias e desaparecimento – A partir de 2008, Belchior decidiu se retirar da vida pública e artística. Ele nunca explicou o motivo, mas parou de se apresentar em shows e dar entrevistas.
Enfrentou processos judiciários e teve os bens bloqueados. Assim, foi para o Rio Grande do Sul, onde viveu em hotéis e casas de fãs. Também morou no Uruguai junto com a companheira Edna Prometheu. Em 2009 fez sua última aparição pública dando uma entrevista à Rede Globo e, sua última aparição artística quando participou do show do tropicalista Tom Zé, em Brasília. Depois, desapareceu definitivamente.
Belchior teve uma carreira intensa, chegando a gravar mais de 12 álbuns, totalizando 14 discos em 25 anos de carreira.
Algumas de suas músicas mais famosas são:
– A Palo Seco;
– Alucinação;
– Fotografia 3×4;
– Galos, Noites e Quintais;
– Velha Roupa Colorida;
– Sujeito de Sorte;
– Paralelas;
– Medo de Avião;
– Coração Selvagem;
– Apenas Um Rapaz Latino Americano.
Belchior recebeu vários prêmios e homenagens ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio da Música Brasileira e o Prêmio Latino da Academia Nacional de Gravação.
Belchior é considerado um dos principais nomes da música brasileira, com uma obra que influenciou gerações de músicos e continua a ser amplamente apreciada ainda nos dias de hoje.
Faleceu em 2017 aos 70 anos em Santa Cruz do Sul (RS). O motivo da morte foi um aneurisma na veia aorta. Ele foi sepultado em Fortaleza.
(*)) Historiador, Jornalista, Professor de História/Geografia/Filosofia/Sociologia