OROZCO – UM RECORTE DA CULTURA MEXICANA (CARICATURISTA DE LIVROS, JORNAIS E REVISTAS)

OROZCO – UM RECORTE DA CULTURA MEXICANA (CARICATURISTA DE LIVROS, JORNAIS E REVISTAS)

Data:

(!) Por TJGuimarães

A Revolução Mexicana por Uma sociedade Mais Justa

 

Orozco, José Clemente foi um dos maiores pintores mexicanos e também um dos protagonistas do Movimento Muralista Mexicano, juntamente com Siqueiros e Rivera. Segundo o artista: “Una pintura no debe ser un comentario sino el hecho mismo; no un reflejo, sino la luz misma; no una interpretación, sino la misma cosa por interpretar”.

Nascido em novembro de 1883 na Cidade de Zapotlán/Guzmán, departamento de Jalisco, México. Orozco, ainda criança, conheceu José Guadalupe Posada (gravurista, ilustrador e cartunista mexicano, que foi considerado por Diego Rivera como o protótipo do artista do povo e seu defensor mais aguerrido. Suas gravuras fizeram com que Orozco se interessasse pela pintura.

Orozco foi educado na Escola de Agricultura de San Jacinto, A Universidade Nacional ea Academia de San Carlos de Arte. A arquitetura era sua carreira prevista, sendo que por um certo tempo esteve associado profissionalmente ao arquiteto Carlos Herrara, porém depois de 1909 se voltou por completo à pintura, ao desenho e à gravura. Destacou-se principalmente na pintura Mural, porém também se dedicou à pintura de cavalete, à aquarela, ao desenho, à gravura e à caricatura, que fazia mais como forma de sustento do que como arte.

A temática central de sua obra é a Revolução Mexicana, a luta do povo para atingir os seus ideais e uma nova sociedade mais justa. A representação formal na sua obra reflete uma mistura de influências estéticas que vão do realismo ao expressionismo, passando pela arte renascentista italiana dos séculos XV e XVI. Este hibridismo está também presente na conjugação que o pintor faz de uma iconografia religiosa católica com as tradições mais ancestrais do povo mexicano.

Diferentemente de Rivera e Siqueiros, Orozco retratou a condição humana de forma apolítica. Interessou-se mais pelos valores universais e não insistiu tanto nos nacionais. Suas imagens mais características e impactantes comunicam a capacidade do homem de controlar seu destino e a liberdade ante aos efeitos determinantes da história, da religião e da tecnologia.

Seu estilo está fundamentado em um realismo de caráter expressionista, conscientemente ligado às velhas tradições artísticas mexicanas, de intenso dinamismo. Orozco compartilhava dos ideais que estiveram na origem do Muralismo Mexicano, mas a sua atuação é mais dura e pessimista e tem uma abordagem mais universalista.

Com respeito à sua temática dentro da sua obra, as diferenças com Rivera e Siqueiros são distintas e marcantes, mesmo que pese ser um férreo defensor das ideias tanto revolucionários como sociais e, ainda que suas obras estejam providas de sátiras mordazes junto a concretas referências carregadas de clara crítica sociopolíticas. Suas pinturas e Murais se mantêm em certo modo, à margem que deixam em um segundo plano as marcas ideológicas para dotá-las de extrema doze de dramatismo e sordidez, inauditas em qualquer outro artista mexicano. Não é sem razão que o nominaram o “Goya mexicano”. Sua temática gira em torno de uma visão um tanto trágica da própria existência, do sofrimento nacional em particular e a crueldade inerente ao ser humano em geral.

Dotando suas criações em qualquer caso e conforme suas ideias ideológicas de esquerda com um discurso interessado no enaltecimento do orgulho e sentimento nacional com base a uma mensagem didática de fácil compreensão para o povo.  Sofrendo de igual maneira de uma tendência dirigida à completa reprodução das vanguardas europeias, senão melhor como o defensor da arte pré-colombiana e centrado em resgatar e reivindicar as origens de seus nativos ancestrais.

Seus primeiros trabalhos consistiram em litografias do cotidiano indígena. Fez sua primeira exposição na livraria Biblos da Cidade do México em 1916.

Em 1922 juntou-se a Rivera e Siqueiros no Sindicato de Pintores, no projeto de recuperar e alavancar definitivamente a arte da pintura Mural. Em 1926, por encomenda da Secretaria de Educação, pintou na cidade de Orizabano departamento de Veracruz o Mural, Reconstrução, no edifício onde é hoje o Palácio Municipal.

Em seu regresso ao México em 1934, Orozco produziu Katharsis no Palácio de Bellas Artes bem em frente ao O Homem na Encruzilhada de Rivera. É uma representação sangrenta do conflito entre o homem moderno e o caótico mundo mecanizado e tecnológico que o rodeia ao mesmo tempo que o oprime.

Em 1941 produziu dois afrescos na Suprema Corte do México com quatro motivos. Em dois deles faz crítica e satiriza a prática da justiça, cheia de equívocos e injustiças. O verdadeiro direito se abate contra os charlatães, os demagogos e os políticos que dizem professar os ideais de liberdade e democracia, porém atuam em sentido contrário. Outro tema se refere às riquezas naturais do país sob proteção da bandeira e do jaguar, símbolos nacionais. O último tema se relaciona com os movimentos sociais operários.

Até 1946, integrou junto com Rivera e Siqueiros a Comissão de Pintura Mural do Instituto Nacional de Bellas Artes. Neste ano recebeu o Prêmio Nacional de Bellas Artes. No ano seguinte, encarrega-se da pintura do teto da Câmara Legislativa de Guadalajara (1948-49). O tema foia respeito da legislação revolucionária mexicana e o decreto que se promulgou naquele lugar, a abolição da escravidão.

Como um dos líderes do Sindicato de Pintores e Escultores, teve um papel importante no desenvolvimento e no florescimento da arte moderna no México. A pintura Mural foi o principal interesse deste grupo e a fama de suas conquistas neste campo se disseminou por todo o mundo. A maioria dos críticos mexicanos de hoje, considera Orozco o Muralista mais original do grupo “Los tres grandes”. Exemplos notáveis de seus trabalhos estão nas Cidad de México, em Guadalajara, no Pomona College, na Califórnia e em Dartmouth.

Da sua vasta obra destacam-se Zapatistas (1931); Katarsis (1934-1935); La hora del chulo (1913); Las últimas fuerzas españolas evacuando con honor el castillo de San Juan de Ulúa (1915); Combate (1920); Civilización americana (1932); La justicia y Luchas proletárias1940-1941); Cristo destruye su cruz (1943); Resurrección de Lázaro (1947); La Alegoría nacional (1947-1948);

Orozco morreu de um ataque de coração em 1949 em sua casa de Guadalajara. A casa e o estúdio são agora um museu e oficina sob a jurisdição do Instituto Nacional de Bellas Artes.

 

(!) Historiador, Jornalista e Professor de História/Geografia/Filosofia/Sociologia

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