CARCARÁ! PEGA, MATA E COME!

CARCARÁ! PEGA, MATA E COME!

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CARCARÁ! PEGA, MATA E COME!

(É UM BICHO QUE AVOA QUE NEM AVIÃO)

 

(*) TJGuimarães

 

Não se pode falar e/ou escrever sobre a música “Carcará” – composição de João do Vale e José Cândido – sem a associação com o compositor João do Vale, óbvio, Maria Betânia e do show “Opinião” que, alavancou a carreira dos dois e imortalizou essa música no cancioneiro nacional.

O show Opinião foi um espetáculo musical, dirigido por Augusto Boal, com texto de Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes. Produzido pelo Teatro de Arena e integrantes do Centro Popular de Cultura da UNE – já na ilegalidade – No elenco estavam Nara Leão, depois Maria Bethania, João do Vale e Zé Kéti.

Esse espetáculo-protesto estreou em  dezembro de 1964, em um Teatro de Arena improvizado,no Shopping Copacabana, na Rua Siqueira Campos, Copacabana, Rio de Janeiro.

Os cantores intercalavam canções com narrações referentes à problemática social do país, principalmente do Nordeste. Este espetáculo tornou-se referência na chamada “música de protesto”, bem como se tornaria a primeira manifestação pública contra o Regime Militar de 1964.

João batista do Vale, maranhensse de 1934, fez de tudo um pouco antes de se aportar no Rio de Janeiro em 1950 e se aventurar nos programas de rádio para conhecer e mostrar suas composições – maioria baiões – aos cantantes de então.

Como compositor, depois de muitas tentativas, uma música de sua autoria foi gravada por Zé Gonzaga, Cesário Pinto, grande sucesso no Nordeste.  Em 1953, Marlene lançou em seu disco, Estrela miúda, com grande êxito. Outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram então músicas de sua autoria.

Foi em 1964 que estreou efetivamente como cantor profissional no restaurante Zicartola – de dona Zica e Cartola -, onde nasceu a ideia do show “Opinião” que iria torná-lo conhecido, principalmente pelo sucesso de sua música “Carcará”, a mais marcante do espetáculo.

Em 1969, fez a trilha sonora de “meu nome é Lampião”, depois de se afastar do meio artístico e musical por quase dez anos.

Lançou em 1973Se eu tivesse o meu mundo” com Paulinho Guimarães e, em 1975 participou da remontagem do show “Opinião”, no Rio de Janeiro.

Em 1981, Chico Buarque, produziu o disco João do Vale convida, com participações especiais de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha, Zé Ramalho, dentre outros.

Em 1982, João do Vale gravou seu segundo disco, ao lado de Chico Buarque.

Chico Buarque, em 1994, o reverenciou, reunindo artistas e amigos na gravação do disco João Batista do Vale, que foi prêmio Sharp de melhor disco regional.

Têm dezenas de músicas gravadas, algumas de grande sucesso nas vozes de muitos cantores. São de sua autoria; “Carcará”, “Peba na Pimenta”, “Pisa na Fulô”, “Coroné Antônio Bento”, “minha História”, “Oricuri”, “Jangadeiro”…

A baiana Maria Bethânia, irmã de Caetano Veloso, tornou-se conhecida nacionalmente, cantando Carcará, logo na sua estréia nos palcos, em 13 de fevereiro de 1965. Esse número fez parte do dito show “Opinião”. A cantora e violonista Nara Leão – no folder, junto com Zé Kéti e João do Vale – fez parte da primeira versão do espetáculo, mas teve que se ausentar por problemas de saúde e indicou Bethânia para lhe substituir.

Um fato curioso da música Carcará é a sua composição ter sido feita para ser cantada por Nara Leão e, com a substituição por Betânia, sem demérito à anterior, ganhou a dimenssão conhecida.

Maria Betânia, na juventude, participou de espetáculos semiamadores em parceria com nomes ainda na época, não consagrados tais como Tom Zé, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 1963, estreou como cantora na peça “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues. No ano seguinte, apresentou espetáculos como “Nós, por Exemplo”, “Mora na Filosofi”a e “Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova”, ao lado de Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil, então iniciantes, a quem lançou como compositores e cantores nacionais, dentre outros.

Ela, em todos os rincões do Brasil, apresentou-se em teatros e casas noturnas de espetáculos, cantando e lançando velhos e novos compositores, de Noel Rosa a Djavan, tornando-se assim nacionalmente conhecida com a sua voz e interpretações marcantes de músicas tais como “Carcará”, “Cálice”, “Teresinha”, “O Que Será” (À Flor da Pele) dentre outras.

 

(!) Historiador, Jornalista, Professor de História/Geografia/Filosofia/Sociologia

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