Tocando um dobrado – em ritmo de um compasso – Bandas / Corporações Musicais – Suas Origens
*) Por TJGuimarães
“Banda” é um agrupamento musical formado por instrumentos de sopro (madeiras e metais) e de percussão. Essa denominação é também usada designar qualquer conjunto maior que um grupo de câmara. A palavra pode ter origem no latim medieval bandun (estandarte), a bandeira sobre a qual marchavam os soldados. Essa origem parece se refletir em seu uso para um grupo de músicos militares tocando metais, madeiras e percussão, no intuito de encorajar os combatentes na luta contra seus oponentes.
A história das “Bandas” de música remonta a um passado muito distante, pois a atividade musical seja ela de qualquer natureza, sempre esteve presente na atividade humana, nas mais diferentes manifestações – políticas, sociais, culturais, paz e guerra.
Existem registros arqueológicos em Jiahu na China, de flautas construídas em ossos, conservadíssimas, datadas entre 7.700 a 9.000 anos AC. Também fazem alusão às pinturas egípcias retratando instrumentos antigos, como a flauta e outros não identificados. A Mesopotâmia, berço da civilização, já possuía escolas de formação musical que davam aos concluintes de seus cursos posições de destaque junto à sociedade e aos funcionários reais.
Desde a antiguidade, grupos de pessoas que tocavam instrumentos musicais constituídos dentro de suas tropas militares, as acompanhavam para lhes dar força, coragem e destemor ao combate que advinha. Portanto, ela já era utilizada como instrumento de manipulação psicológica – para o lazer ou para a guerra. O constante e contínuo aperfeiçoamento dos instrumentos musicais ocasionou a criação de “Bandas” em quase todas as unidades militares, servindo como símbolo e estímulo para o bom combate. Estas “Bandas” se distinguiam umas das outras pelos instrumentos escolhidos e pelas peças interpretadas. Cada país incorporava às suas “Bandas” os instrumentos mais característicos e representativos de suas tradições, usos e costumes.
Foi durante a idade média que começaram a ser organizados esses grupos para execução de peças marciais. Foi o passo inicial para a constituição das “Bandas” nos moldes conhecidos de hoje, embora se tenha conhecimento que na Grécia e em Roma antigas, fosse comum a reunião de muitos músicos para determinadas tocatas. Na época das cruzadas, os instrumentos de sopro para chamada ou sinais de presença, eram obrigatórios nas lides dos soldados. Com o passar dos anos, novos instrumentos foram sendo construídos, os existentes aperfeiçoados e outros importados e/ou incorporados de outras culturas, elevando a complexidade, qualidade e a beleza desse tipo de agrupamento.
A partir do século XIX, com o crescimento populacional e a sua concentração nas cidades, determinou um novo tipo de necessidade e relacionamento social, estabelecido, sobretudo em lugares públicos. O aparecimento das Bandas de Música, tradicionalmente militares, no cenário civil ocorreu em uma época em que a música transcendeu os limites militares, dos salões e salas de concerto para participação nas manifestações artísticas populares nas ruas, praças e clubes das cidades. Elas deixaram de ser um elemento ligado exclusivamente à estrutura militar e adquiriram uma nova função mais abrangente; a de alegrar festas e demais encontros, contribuindo assim para a difusão da música.
(*) Historiador, Jornalista, Professor de História/Geografia/Sociologia