PABLO PICASSO E GUERNICA – CRIADOR E CRIATURA

PABLO PICASSO E GUERNICA – CRIADOR E CRIATURA

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<<< a união de forças num manifesto político contra os atos de guerra >>>

Depois de Picasso, a arte nunca mais foi a mesma. Linhas, cores, perspectivas: tudo ele questionou, desordenou e transformou. Ele foi ameaçador, impetuoso, engajado e também muito fecundo em toda extensão no campo das artes. Não é à toa que ele costuma ser chamado de o maior artista do século XX.

Picasso foi um dos fundadores – junto com George Braque – e o maior representante do movimento cubista. Foi muito fértil e multifacetado, produzindo intensamente durante mais de 70 anos de sua vida, marcando indelevelmente o século XX. Insiste-se em rotulá-lo de qualquer maneira, como se isto lhe coubesse, tal a gama de características que se encerram em suas obras. Teve inúmeras fases: leves e agressivas, africanas e globais, eróticas e mitológicas, intimistas e explosivas. O próprio Cubismo não é considerado uma escola artística, mas sim um estilo pessoal, que se traduziu em uma linguagem única, rompendo com os cânones artísticos da época ao adotar a geometria, a perspectiva, a profundidade e a distorção na composição de suas obras.

Espanhol malaguenho – naturalizado francês -, Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, mais conhecido como Pablo Picasso (25/10/1881- 8/4/1973), foi um dos mais importantes artistas plásticos do século XX. Sua vida e obra estão umbilicalmente interligadas, já que a sua vida pessoal esteve sempre presente em seus trabalhos. Destacou-se nos mais diferentes ramos das artes plásticas, principalmente na pintura, escultura, artes gráfica e cerâmica. Seus dotes para estas manifestações artísticas foram observados desde sua infância. Aliás, segundo a lenda, convivendo com o pai também artista plástico, ele aprendeu a desenhar antes de falar.

Pablo Picasso foi o paradigma do artista moderno, de vanguarda. Inovador, inventivo, desafiador e engajado em lutas sociais. Com estas características apontadas na arte de vanguarda do início do século, ele vai encarná-las com tal amplitude e intensidade como nenhum outro artista do século XX fez. Com seu espírito irrequieto, não titubeou em abandonar uma fase extremamente candente, confortável e poética, como a denominada fase azul, para lançar-se na experimentação geométrica do Cubismo. Quando todos já haviam se inteirado das novas descobertas plásticas, retorna a um estilo clássico totalmente incompreensível para quem não compreende seu gênio libertário e provocador.

Picasso foi o mais prolífero de todos os pintores de que se tem notícia. Mais de 13.500 pinturas e desenhos; 34.000 ilustrações; 300 esculturas; milhares de gravuras e também inúmeros autorretratos.

Guernica – A trágica, clássica e atemporal obra – é um painel pintado por Pablo Picasso em 1937, por ocasião da Exposição Internacional de Paris. Foi exposto no pavilhão da República Espanhola. Medindo 350 por 782 cm, pintado a óleo, retrata as consequências do intenso bombardeio sofrido pela cidade espanhola de mesmo nome, durante a Guerra Civil Espanhola de 1937. Atualmente está no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

Guernica – Foi feita com o uso das cores preto e branco com alguns traços amarelados, algo que demonstrava o sentimento de repúdio do artista ao bombardeio dessa pequena cidade espanhola. Claramente em estilo Cubista e Surrealista, Picasso retrata pessoas, animais e construções atingidos pelo intenso bombardeio da força aérea alemã (Luftwaffe).

Guernica – Imediatamente assumiu o caráter de representante artístico universal na condenação deste e quaisquer outros atos brutais e ou de guerras. As imagens que emanam deste painel transcendem os próprios fatos, correm o mundo, alcançando quase que profeticamente futuros combates que ocorrem aqui e ali contradizendo a natureza intelectual do homem. Este painel se transforma rapidamente em ícone das manifestações políticas.

A própria recorrência à técnica conhecida como ‘collage’ evidencia as intenções emocionais do artista. Ele não cola simplesmente as imagens na tela, mas as pinta, simulando uma colagem. Assim ele tece um espaço renovado e original, não obtido por meio de técnicas ilusórias, mas sim pela justaposição de imagens cortadas na perspectiva plana, em tonalidades pretas e cinzas, perpassadas por luzes brancas e amarelas, atingindo a impressão de uma falta completa de cores, que aqui lembram sem dúvida a morte.

Guernica – Foi encomendada pelo Governo Republicano Espanhol a Pablo Picasso, com o intuito de traduzir numa imagem o sentido e o drama da pátria arrasada pelo nazi fascismo durante a Guerra Civil Espanhola. Esta pintura foi exposta na Exposição Universal de Paris em 1937.

O tema da pintura aborda a destruição da Cidade de Guernica no país Vasco. Esta cidade é o berço da etnia vasca e, portanto, o símbolo da pátria e sua cultura.

Segundo crônicas da época, a cidade de Guernica era, no tempo de Guerra, uma cidade aberta, não militarizada e, portanto, deveria ser isenta de qualquer represália bélica. Segundo essas crônicas, a aviação alemã, – colaboradora na época de uma das partes envolvidas no conflito – decidiu criar a primeira experiência de guerra aérea moderna, tal e como foi definida posteriormente na Guerra do Golfo, isto é, como “Carpet Bombing” – “tapetes de bombas”. A destruição, como se depreende, foi total.

A pintura não é uma crônica dos acontecimentos reais do bombardeio sofrido pela cidade, basta dizer que nesta obra não se reconhecem indícios de paisagens, indivíduos arquiteturas ou outros elementos que remetam diretamente à cultura vasca.

O painel é uma interpretação pictórica do drama da Guerra Civil Espanhola, não é um documento, mas uma narrativa qualitativa, não elabora a partir da percepção visual e sensorial, mas a partir dos fatos tais como são pensados, transmitidos, narrados sentidos, idealizados, imaginados e, portanto, interpretados, ou seja, traduzidos.

As figuras deste painel não são meros reflexos das imagens suscitadas no artista pelos informes verbais e dos jornais sobre o bombardeio da cidade. Neste sentido, Guernica é tão somente uma tradução.

A iconografia do quadro é do tipo singular ou original, pois ela está modelizada e, portanto, não corresponde a uma cópia ou imagem do real. Por outro lado, contraditoriamente ao sentido ideologizado conquistado, a pintura não é um manifesto político ou uma pintura engajada, pois não há inimigos, identificados, somente destruição e brutalidade cega que fala de sofrimento e esperança e a inutilidade da guerra.

De forma simultânea, não linear, o que Picasso representa nesta obra é um drama humano codificado em nove personagens: quatro mulheres; uma criança; a estátua de um guerreiro; um touro; um cavalo e um pássaro.

Guernica pretende transmitir no primeiro impacto, essencialmente os sentimentos de morte, destruição, ruptura, caos, catástrofe, amargura, angustia e sofrimento. Enfim, tudo aquilo que gera desconforto e contradiz a intelectualidade humana.

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