(!) Por TJGuimarães
Colômbia não é nunca foi só cocaína, guerrilha, Pablo Escobar, Farc e outras mazelas mais. É também palco para Simón Bolivar, café, salsa, bambuco, cumbia, porro, vallenato e, FERNANDO BOTERO. Esse artista paisa colombiano, nascido no departamento de Antioquia na cidade de Medellín, é um artista plástico local de estilo figurativo que se consagrou mundialmente com seus personagens volumosos, tanto em suas pinturas e desenhos, como também em suas esculturas. Suas obras estão espalhadas por diversas nações, cidades e museus pelo mundo afora.
No início da sua carreira artística, suas obras revelam certas características e influências dos pintores francês Paul Gauguin, o espanhol Picasso e pelos mexicanos Diego Rivera e José Clemente Orozco. Mais tarde, essas influências vão desaparecendo e suas obras assumem um estilo muito particular, com personagens volumosos e inconfundíveis.
Entre seus temas mais conhecidos, natureza-morta, sensualização de personagens, universo circense, costumes latino-americanos, cavalos, amazonas e releituras de obras clássicas e célebres (Mona Lisa e O Casal Arnolfini). Como um todo, a sua obra é bastante teatral, com um contexto típico do romantismo, e de cunho bastante popular e emocional. Um dos aspectos mais atraentes é a liberdade do artista ao representar o corpo humano, sendo a estaticidade do ser humano representada por volumes avantajados.
As características inconfundíveis da sua arte receberam o nome de “Boterismo”, pois ela retrata particularidades únicas do artista com suas figuras invariavelmente rechonchudas, podendo denotar crítica política, social, econômica ou meramente humor.
Ele é muito prolífico. Sua produção artística possui perto de três mil pinturas e mais de duzentas esculturas, assim como inúmeros desenhos e aquarelas. Botero já fez mais de 50 exposições individuais em todo o mundo e seus quadros atingem altas cifras no mercado mundial, sendo encontrados nas mais diferentes partes do planeta, sempre imbuídos de grande qualidade artística.
O estilo inconfundível de Botero o tornou um verdadeiro sucesso de público e vendas, claro. Contudo, a polêmica em torno do seu trabalho é algo constante. Alguns críticos e especialistas de arte rotulam o seu estilo de “kitsh” e populista, outros de apelativo e retrógrado. O artista, no entanto, parece ignorar os inúmeros rótulos dados ao seu trabalho o classificando como um misto de arte renascentista com arte pré-colombiana, que aprimorados dão origem à um estilo único. Todavia, não há como negar a sua versatilidade que, além de pintar e desenhar ele também esculpe.
Ele é reconhecido como um artista muito politizado, sobretudo por sua preocupação com a violência na América Latina e, em especial, na Colômbia. Essa preocupação reverbera em suas obras. A sua exposição “Dores da Colômbia” conta com 67 obras com 36 desenhos, 25 pinturas e seis aquarelas. Nela, Botero coloca em evidência a violência urbana e rural causada pelos conflitos envolvendo os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Exército de Libertação Nacional (ELN), as forças oficiais e grupos paramilitares. As obras pertencem ao acervo permanente do Museu Nacional da Colômbia (Bogotá), responsável pela curadoria da mostra. Todas as obras foram doadas pelo artista ao museu.
Desde o início da década de 1970, Botero passou a dividir o seu tempo entre Paris, Madrid e Medellín (Colômbia). Morreu em setembro de 2023.
(!) Historiador, Jornalista, professor de História/Geografia/Sociologia